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Acima dos 780 m de altitude, o vale de Loriga evidencia a ação do último período glaciário. Com uma extensão de aproximadamente 6,5 km e um perfil transversal clássico em "U", este vale foi moldado pelo glaciar de Loriga que fluía até muito próximo da atual povoação com o mesmo nome. Ao longo do seu perfil, encontramos uma sequência de quatro covões em escadaria bem desenvolvidos (Areia, Nave, Meio e Boeiro), assim como lagoas em rosário formadas na transição para o Planalto da Torre. Nas vertentes observamos grandes extensões de rocha nua provocadas por ação da erosão glaciária, realçando os setores onde o granito se encontra mais fragilizado pela rede de fraturas. No máximo glaciário, o glaciar de Loriga tinha 6,7 km de comprimento, um valor muito inferior ao do glaciar do Zêzere. Estas diferenças deveram-se à muito maior área da bacia do glaciar do Zêzere, mas também devido ao efeito dos ventos de oeste que transportavam a neve deste lado, para o lado oposto e mais abrigado do planalto. Ao longo do vale de Loriga encontramos formas tipicamente glaciárias, como os covões, constituídos por bacias de sobreexcavação e pelos ferrolhos glaciários. Para além destes, encontramos ainda uma abundância de rochas polidas, aborregadas, estriadas, caneluras e ainda depósitos arenosos pós-glaciários nas áreas mais deprimidas.