O vale do Zêzere é um perfeito exemplo da força dos glaciares para esculpir as paisagens. Com um perfil transversal em forma de "U" ao longo de cerca de 10 km, entre o Covão da Ametade e a vila de Manteigas, o vale apresenta no seu setor montante uma sucessão de covões, ferrolhos glaciários e vales suspensos, e ainda vários tipos de depósitos glaciários, fluvioglaciários e de vertente. No máximo da última glaciação, o glaciar atingia aqui uma espessura de 340 metros, alimentado pelo campo de gelo do Planalto da Torre. Um pouco mais a jusante, o vale do Zêzere era também alimentado pelos glaciares provenientes dos vales suspensos da Candeeira e dos Covões. O aprofundamento do vale atual e o seu carácter retilíneo resultam de a erosão ter sido facilitada ao longo do grande alinhamento tectónico que é a falha de Bragança-Vilariça-Manteigas-Unhais da Serra.